HOMILIA DE DOM NERI JOSÉ TONDELLO NO ENCONTRO DE PRESBÍTEROS DO REGIONAL OESTE 2 - DIOCESE DE JUÍNA, 21 DE MAIO DE 2024

Notícias da Diocese

22.05.2024 - 18:00:00 | 6 minutos de leitura

HOMILIA DE DOM NERI JOSÉ TONDELLO NO ENCONTRO DE PRESBÍTEROS DO REGIONAL OESTE 2 - DIOCESE DE JUÍNA, 21 DE MAIO DE 2024

Queridos irmãos e amigos padres,

A primeira palavra de hoje que quero deixar para vocês é gratidão. Muito obrigado a todos, cada um em sua respectiva Diocese e/ou congregação. Nós, bispos, sabemos o quanto vocês são essenciais no caminho da evangelização. A colaboração de vocês conosco é sempre urgente, emergente e imprescindível. Reconhecemos também a carga de serviço que pesa sobre os vossos ombros e somos gratos pela paciência que têm conosco.

Somos gratos pela comunhão, pela missão, pela participação, envolvimento e sinodalidade, pilares da Igreja do futuro. A presença intermediária de evangelização na Igreja depende de vossos braços para fazer chegar ao Povo de Deus a graça salvífica que vem de Jesus de Nazaré. Depende de vossas mãos, que se estendem para levar a vida, a caridade, o abraço e a marca indelével de vossa ordenação.

Vocês foram ordenados e ungidos para servir, curar e salvar. Um bom padre nunca é demais. Ajudem-nos a cuidar dos cuidadores.

A segunda palavra para este precioso momento é a realidade presente a que somos chamados todos os dias ao exercício de nossa missão. A missão de ser padre, ou seja, ser pai de uma comunidade, pai de uma paróquia inteira, animador de tantas pastorais e movimentos.

Entendemos que o tempo presente serve de oportunidade para a superação da inércia e da impotência, bem como para combater as notícias falsas recorrentes, com uma mística e espiritualidade fortes para amar, perdoar, silenciar e anunciar. Esta oportunidade nos impele a avançar em direção às águas mais profundas do nosso dia a dia, com sabedoria e caridade, buscando os mais pobres e sofridos desta sociedade de consumo, os esquecidos e desvalidos de uma sociedade tão materialista, egoísta e centrada nos bens materiais. Sentimos a frieza e a indiferença de um sistema mundial que visa o lucro acima de tudo, colocando a pessoa humana em segundo plano.

O momento nos clama para uma presença junto aos sofredores e marginalizados, órfãos e viúvas. As vítimas e os estragos das enchentes nos levam a refletir sobre o cuidado com a nossa casa comum. Também nos questionamos sobre nossos queridos jovens, muitos deles ceifados antes da hora. Como permitimos que fossem roubados da Pastoral do cuidado? Como cuidar com amor e acolhê-los como mãe-Igreja?

Duas vontades estão diante de nós: ou a tentação de nos resguardarmos por questão de segurança a um passado remoto, ficando à margem da história; ou lançarmo-nos em direção ao futuro como protagonistas do Evangelho, a melhor, a verdadeira e a boa notícia para o mundo, para a Igreja, para os pobres. Jesus é o peregrino da esperança, sempre a caminho, sempre servindo. O outro, o pobre, é o lugar teologal da revelação de Jesus.

São Tiago Apóstolo, em sua carta, nos ajuda e nos ensina o que pedir e como pedir. Cada um de nós também sabe pedir: O que pedimos ao povo? O que pedimos a Deus? O que pedimos à Igreja? O que pedimos aos amigos? O que pedimos e exigimos de nós mesmos? São Tiago ainda nos exorta que "todo aquele que pretende ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus".

Ele nos remete às palavras de Jesus quando reza por nós, em oração sacerdotal no discurso de despedida: "Pai santo, guarda-os em teu nome... não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo". Viver no mundo sem separar-se do mundo, isto é, estar no mundo sem viver da mundanidade do mundo. Pai Justo: "Consagra-os na verdade"; porque "a tua palavra é verdade". Queridos padres, "Deus resiste aos soberbos, mas concede a graça aos humildes... aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós... purificai as mãos e santificai vossos corações".

Por várias vezes, Jesus encontrou dificuldades com os discípulos diante da realidade do serviço. Entre eles, havia entendimentos diferentes do ensinamento de Jesus. Estavam preocupados em saber quem seria o maior. Havia necessidade de esclarecimento da parte de Jesus. Servir é um verbo que torna a vida dinâmica segundo o Espírito de Jesus. Tem o sinônimo de descer e abaixar-se para ser útil em fazer algo para o próximo. Descer sempre numa atitude de ajudar. Só desce aquele que subiu na comunhão com Deus. A discussão entre os discípulos foi exatamente sobre quem seria o maior, e Jesus chamou os doze e lhes disse: "se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos".

Para nós, bispos, é muito difícil abaixar-se para servir os últimos. O mundo nos eleva como se fôssemos diferentes de todos. O padre é gente. É humano. Sujeito a acertar e errar. Pergunto muitas vezes quando alguém se queixa de um padre: como está a sua família? Está bem? Somos forçados a manter um padrão de vida superficial muitas vezes. Nos enfeitam com presentes e roupas, mas ser padre é muito mais.

A terceira palavra é a que nasce da Igreja do Pentecostes. A Igreja da coragem. A Igreja do Espírito de abertura e do acolhimento. A Igreja em saída. A Igreja em estado permanente de missão: "Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura". Igreja que vai ao encontro. A Igreja da alegria que gera o padre alegre. A Igreja salvando que se salva. Fortaleçamos, portanto, cada dia mais a nossa comunhão, a sinodalidade que favorece o diálogo em todas as instâncias. Que todas as nossas dificuldades e problemas pessoais, administrativos e pastorais encontrem sempre eco na pastoral presbiteral, no coração da Diocese, da paróquia, na congregação e nos conselhos de ajuda.

Que a pastoral presbiteral nos garanta a seguridade social: o cuidado com a saúde psíquica, física, mental e espiritual do padre. Seja o apoio e o cuidado. Nosso amparo. Nossa segurança. Nossa certeza de uma Igreja que cuida dos seus cuidadores.

Por fim, seja o padre, um homem de Deus, um homem de oração, o homem da Igreja. Homem de comunhão, da missão e da sinodalidade. Homem da escuta dos mais fracos. O homem do serviço. Homem da palavra e de palavra, e tudo o mais vos será acrescentado: Peregrinos da esperança. Muito obrigado.



Fonte Dom Neri José Tondello
Imagem Renan Dantas - Diocese de Juína
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