FÉ E HISTÓRIA: CELEBRANDO 524 ANOS DA PRIMEIRA MISSA NO BRASIL

Notícias da Diocese

26.04.2024 - 10:20:00 | 5 minutos de leitura

FÉ E HISTÓRIA: CELEBRANDO 524 ANOS DA PRIMEIRA MISSA NO BRASIL

A PRIMEIRA MISSA: UM MARCO DE DEVOÇÃO E ENCONTRO


Hoje, dia 26 de abril, marca um evento significativo na história do Brasil: a celebração da primeira missa no país, há 524 anos. Foi neste dia, em 1500, durante a oitava de Páscoa, que frei Henrique de Coimbra e outros sacerdotes realizaram a missa em Santa Cruz Cabrália, no litoral sul da Bahia, sobre o ilhéu da Coroa Vermelha.

 

O TESTEMUNHO DE CAMINHA: DEVOÇÃO E DESCRIÇÃO


A celebração foi testemunhada por Pero Vaz de Caminha, o escrivão que descreveu detalhadamente o evento em sua carta ao rei dom Manuel. Caminha descreveu o altar como "mui bem arranjado" e relatou que a missa foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.

Terminada a celebração, conforme relata Pero Vaz de Caminha, o sacerdote subiu em uma cadeira alta e "pregou uma solene e proveitosa pregação, da história evangélica; e no fim tratou da nossa vida, e do achamento desta terra, referindo-se à Cruz, sob cuja obediência viemos, que veio muito a propósito, e fez muita devoção".


Conforme indicam os relatos, o escrivão Caminha acreditava que a conversão dos indígenas seria fácil, pois demonstraram respeito quanto à religião. Neste sentido, pediu ao rei que enviasse logo clérigos para batizá-los, evidenciando a urgência de expandir a fé cristã na nova terra e consolidar o domínio espiritual.

 

A CHEGADA DOS PORTUGUESES E A DECISÃO DE CELEBRAR


A chegada dos portugueses ao Brasil, em 22 de abril de 1500, marcou o início de uma nova era. Liderados por Pedro Alvares Cabral, avistaram o Monte Pascoal e decidiram celebrar a primeira missa em terras brasileiras. Inicialmente, deram à terra o nome de Terra de Vera Cruz.

 

O CHAMADO À CONVERSÃO: UM NOVO CAPÍTULO NA HISTÓRIA

 

Para Caminha, a conversão dos indígenas parecia algo alcançável, pois demonstraram respeito pela religião. Ele inclusive pediu ao rei que enviasse logo clérigos para batizá-los, evidenciando a urgência de expandir a fé cristã na nova terra.

 

A REPRESENTAÇÃO ARTÍSTICA: "A PRIMEIRA MISSA NO BRASIL" DE VICTOR MEIRELLES

 

Uma das representações mais famosas desta celebração é o quadro "A Primeira Missa no Brasil", pintado em 1861 pelo artista catarinense Victor Meirelles de Lima. Esta obra retrata de maneira vívida o momento histórico da missa em solo brasileiro.

 

O LEGADO DE FÉ: A SEGUNDA MISSA E ALÉM


Após esta primeira missa, a segunda foi celebrada no dia 1º de maio na foz do rio Mutarí, marcando o início de um longo legado de fé e devoção que moldaria profundamente a história e a cultura do Brasil.

 

REFLEXÕES SOBRE FÉ E IDENTIDADE NACIONAL


A celebração dos 524 anos da primeira missa no Brasil é um momento de reflexão sobre as raízes cristãs do país e a importância da fé na construção da identidade nacional. Que este marco histórico nos inspire a valorizar e preservar nossa herança religiosa, buscando sempre a paz, a justiça e o amor ao próximo.


A EVANGELIZAÇÃO E SEUS DESAFIOS

 

A evangelização do Brasil e da América em geral tem sido uma caminhada marcada por desafios e controvérsias. Enquanto alguns destacam os aspectos sombrios, é importante reconhecer quanto de grandioso e heroico houve por parte dos missionários e outros cristãos desejosos de evangelização, muitas vezes à custa de enormes sacrifícios.

 

Quando chegavam aos indígenas que procuravam converter, eram frequentemente recompensados com o martírio, às vezes acompanhado de requintes de crueldade, como sucedeu ao padre Blas da Silva:

 

"O padre Blas da Silva, tendo caído nas mãos dos paiguás, foi despido pelos bárbaros. O cacique adornou-se com as vestimentas sacerdotais e parodiou as cerimônias da religião católica, abusando do cálice para as suas bebedeiras. Como o jesuíta, encolerizado, os ameaçasse com todos os castigos do céu, ele bateu-lhe com o cálice sagrado na boca tão violentamente que fez saltar vários dentes. O missionário, no entanto, continuou a ameaçá-lo e a exortá-lo, até que o pagão, exasperado, o matou a socos."

 

Apesar dos desafios e dos sacrifícios, a Igreja se dispõe a celebrar a evangelização como uma realidade esplêndida e permanente. Como disse São João Paulo II: "O que a Igreja se dispõe a celebrar é a evangelização: a chegada e proclamação da fé e da mensagem de Jesus, a implantação e o desenvolvimento da Igreja, realidades esplêndidas e permanentes que não se podem negar nem menosprezar. Ela se dispõe a celebrá-la no sentido mais profundo e teológico do termo: como se celebra Jesus Cristo, Senhor da História, o primeiro e o maior Evangelizador, já que Ele mesmo é o Evangelizador de Deus."


REFLEXÕES SOBRE FÉ, IDENTIDADE NACIONAL E RESPEITO AOS POVOS INDÍGENAS

 

Hoje celebrando 524 anos da Primeira Missa, a Igreja reconhece a importância dos povos indígenas, de sua ancestralidade, culturas e ritos. Hoje, grandes missionários vivem dentro das aldeias, sejam eles leigos, padres ou consagrados, não somente para evangelizar, mas também para mostrar o rosto da Igreja. Essa presença não é apenas um ato de fé, mas de respeito e reconhecimento da diversidade cultural e espiritual dos povos indígenas. Que essa celebração nos inspire a valorizar e respeitar a pluralidade de nossa nação, promovendo sempre a justiça, a paz e o amor ao próximo. 


“Ite, missa est” - Ide, a missão vos foi dada.


informações:

CNBB

ACI - DIGITAL

SÃO JOÃO PAULO II, ROMA, 14.06.1991 AO SE DIRIGIR À PONTIFÍCIA COMISSÃO PARA A AMÉRICA LATINA.

ED. QUADRANTE, SÃO PAULO 2000, - MAXIME HAUBERT, ÍNDIOS E JESUÍTAS NO TEMPO DAS MISSÕES, COMPANHIA DAS LETRAS- CÍRCULO DO LIVRO, SÃO PAULO, 1990

Fonte Renan Dantas - Diocese de Juína
Imagem A Primeira Missa - Victor Meirelles de Lima
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